Quando a Saúde Pára, Quem Protege o Profissional?
Em Portugal, somos frequentemente surpreendidos por histórias de figuras públicas e anónimas que, no auge das suas carreiras, veem a vida profissional interrompida por um diagnóstico médico inesperado. A recente notícia de uma personalidade que teve de se afastar do trabalho por motivos de saúde trouxe, mais uma vez, esta realidade à tona. Mais do que um caso isolado, é um espelho do que pode acontecer a qualquer um de nós — seja artista, engenheiro, arquiteto, advogado, médico ou trabalhador independente.
Vivemos num tempo em que a performance contínua é exigida, muitas vezes sem margem para pausas. A saúde mental e física tornam-se, por isso, os pilares invisíveis de qualquer profissão. Mas e se um acidente, uma doença grave ou um esgotamento nos impedir de exercer a nossa atividade? O que acontece quando, subitamente, deixamos de conseguir trabalhar — temporária ou permanentemente?
É precisamente aqui que se revela a importância de um instrumento que ainda é subvalorizado em Portugal: o seguro profissional com cobertura de incapacidade médica. Em muitos países europeus, é visto como uma rede essencial de proteção. Por cá, continua a ser encarado, muitas vezes, como um luxo ou uma despesa desnecessária.
A verdade é que ninguém está imune ao imprevisto. E quando este acontece, não é apenas a saúde que está em jogo. Está também o rendimento mensal, a estabilidade familiar, a capacidade de continuar a pagar a casa, a escola dos filhos, os compromissos financeiros assumidos durante anos de esforço e dedicação profissional.
Um seguro que garanta uma compensação financeira durante períodos de incapacidade — seja temporária ou definitiva — pode ser a diferença entre manter uma vida digna ou enfrentar dificuldades acrescidas num momento de fragilidade extrema. É uma forma de continuar a honrar os compromissos, de preservar a autonomia e, acima de tudo, de permitir que a recuperação seja feita sem a pressão constante do “e agora, como vou pagar as contas?”
É urgente que esta reflexão entre no debate público. Não apenas quando figuras conhecidas são forçadas a parar, mas em todas as conversas sobre bem-estar, proteção social e valorização das profissões. Tal como protegemos os nossos bens, também devemos proteger a nossa capacidade de gerar rendimento — que, em última análise, é o nosso maior ativo.