Rendimento em risco: a urgência da proteção para quem trabalha por conta própria
Em Portugal, mais de um milhão de pessoas trabalham por conta própria, muitas delas profissionais liberais — advogados, engenheiros, arquitetos, psicólogos, consultores, freelancers, entre tantos outros. Esta realidade, que oferece liberdade e autonomia, também acarreta um risco muitas vezes negligenciado: a ausência de proteção adequada em caso de doença ou incapacidade temporária para o trabalho.
Enquanto os trabalhadores por conta de outrem contam com mecanismos de substituição do rendimento através da Segurança Social e, em muitos casos, com benefícios oferecidos pelos empregadores, os trabalhadores independentes enfrentam uma rede de apoio significativamente mais frágil.
A ilusão da invencibilidade
É comum entre os profissionais por conta própria a ideia de que “isso nunca me vai acontecer”. Mas a verdade é que uma simples cirurgia, um problema de saúde mental, ou uma doença prolongada pode afastar qualquer pessoa da sua atividade durante semanas ou meses. E se, durante esse período, não houver entrada de rendimento, as consequências podem ser devastadoras — contas por pagar, projetos perdidos, clientes que seguem caminho.
O apoio do Estado é insuficiente
Sim, a Segurança Social portuguesa prevê um subsídio por doença para trabalhadores independentes. No entanto, este apoio só é atribuído após um período de espera (geralmente de 10 dias) e o valor diário pode ser significativamente inferior ao rendimento habitual do profissional. Além disso, para quem não tem um histórico de contribuições regulares ou tem rendimentos irregulares, o montante recebido pode ser simbólico — e longe de cobrir as despesas fixas.
A solução: proteger o rendimento com seguros adequados
Cada vez mais, torna-se essencial que os profissionais por conta própria considerem um seguro de proteção de rendimento ou seguro de subsídio diário por incapacidade temporária. Este tipo de seguro garante o pagamento de um valor diário ou mensal caso o profissional esteja impossibilitado de exercer a sua atividade por motivos de saúde.
O custo pode ser surpreendentemente acessível, especialmente se for contratado em idade jovem e com boa saúde. E mais do que um custo, deve ser visto como um investimento na estabilidade financeira pessoal — uma rede de segurança que permite focar na recuperação sem o peso constante das preocupações financeiras.
Cultura de prevenção: o passo que falta
Em Portugal, ainda falta uma cultura de prevenção entre os profissionais liberais. Muitos esperam por um susto para agir, o que frequentemente resulta em opções menos vantajosas ou em situações de verdadeiro aperto financeiro. A literacia financeira também precisa de ser promovida: proteger o rendimento não é um luxo, é uma necessidade básica para quem não tem um salário garantido no final do mês.
Trabalhar por conta própria deve ser uma escolha de liberdade, não uma condenação à vulnerabilidade. Proteger o rendimento em caso de doença ou acidente é, hoje, um ato de responsabilidade e de visão. É tempo de os profissionais independentes se tratarem a si próprios com o mesmo cuidado e profissionalismo com que tratam os seus clientes.
