Os jovens vão ser mais pobres do que os pais? Só se não planearmos as finanças

Nos últimos dias, o economista Gary Shilling deixou um alerta que me parece impossível ignorar: os jovens de hoje poderão ter de trabalhar muito mais e ganhar menos do que os seus pais. As razões? A revolução da inteligência artificial, o custo de vida em alta e um mercado de trabalho que se transforma a uma velocidade que nem sempre permite acompanhar.

Como profissional que acompanha diariamente a realidade financeira de famílias e jovens portugueses, posso confirmar — e até reforçar — que esta tendência já se sente no terreno. A geração que hoje entra no mercado de trabalho enfrenta desafios sem precedentes, mas também uma oportunidade rara: tornar o planeamento financeiro numa vantagem competitiva.

O novo contexto económico

A inteligência artificial promete eficiência e produtividade, mas também vem substituir funções e alterar profissões inteiras. Ao mesmo tempo, o custo de habitação, alimentação e educação continua a subir. O resultado é simples: o rendimento disponível encolhe, e a margem para poupar desaparece.

Em Portugal, este cenário é especialmente visível. Jovens qualificados com carreiras promissoras vivem pressionados entre salários limitados e despesas fixas crescentes. O que antes se resolvia com “trabalhar mais horas” hoje já não chega — é preciso trabalhar melhor o dinheiro.

Planeamento financeiro: da teoria à sobrevivência

Falo muitas vezes com clientes que acreditam que “planeamento financeiro” é apenas para quem tem muito dinheiro. Na verdade, é o contrário. É quando se tem pouco espaço de manobra que planear faz toda a diferença.

Um plano financeiro bem construído é um mapa que orienta decisões diárias e evita erros caros. Permite acumular reservas, investir de forma consciente e proteger o rendimento futuro. E, mais importante, dá tranquilidade — um bem cada vez mais raro nesta era de incerteza digital.

Deixo três pilares que considero essenciais:

  1. Organizar e automatizar: saber para onde vai cada euro e criar hábitos de poupança automáticos, mesmo que sejam montantes pequenos.
  2. Proteger-se contra imprevistos: seguro de saúde, de vida ou de incapacidade não são luxos — são escudos financeiros.
  3. Investir no futuro: a formação contínua e o investimento — seja em produtos financeiros ou conhecimento — são as duas faces da mesma moeda.

O papel do aconselhamento financeiro

O mercado está cheio de informação, mas o verdadeiro desafio é a orientação. É aqui que entra o papel do assessor financeiro: ajudar a transformar informação em estratégia.

A IA pode substituir tarefas, mas não substitui o discernimento humano — especialmente quando se trata de compreender sonhos, medos e objectivos pessoais. O planeamento financeiro não é só números; é autoconhecimento económico.

Uma geração à procura de estabilidade

Os jovens portugueses não precisam de ter medo do futuro — precisam de ferramentas. E o planeamento financeiro é, hoje, a mais poderosa de todas. Não é apenas uma forma de resistir à incerteza; é uma maneira de construir liberdade.

A IA pode mudar o mundo do trabalho, mas quem souber planear, proteger e investir será sempre dono do seu próprio destino financeiro. E isso, mais do que nunca, é o verdadeiro superpoder desta geração.

Conecte-se connosco:

LinkedIn Facebook Twitter Email WhatsApp

Publicações mais lidas

Tendências dos Seguros em 2025: Inovação e Sustentabilidade

A diferença entre responsabilidade civil profissional e responsabilidade civil de exploração

Painéis solares e eletrodomésticos protegidos: A importância do seguro multirriscos